A devastação no Pantanal
Na sexta-feira, a região da Nhecolândia, localizada no Pantanal sul-mato-grossense, foi duramente atingida pela onda de frio implacável. A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) confirmou que 1.071 cabeças de gado pereceram devido às condições climáticas severas. Os produtores rurais, que dedicaram seus esforços e recursos para cuidar e nutrir seus rebanhos, agora enfrentam um prejuízo estimado em milhões de reais.
A luta da Iagro
Equipes da Iagro estão percorrendo as propriedades afetadas, investigando minuciosamente as mortes relacionadas ao frio intenso. Embora as perdas de animais sejam comuns nessa região durante períodos de temperaturas baixas, o impacto dessa onda de frio específica foi particularmente desolador. O diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, expressou preocupação com a situação, observando que as temperaturas registradas foram as mais baixas do ano. Infelizmente, ainda há o temor de que ocorram mais mortes nos próximos dias.
Especialista explica mortandade dos animais
Sobre a mortalidade dos animais da raça Nelore devido ao frio, o Dr. Faber Monteiro, especialista em gado de corte gravou um vídeo explicando sobre os efeitos do frio intenso nas regiões onde a criação de gado é predominante. Como ele informa, muitas pessoas têm questionado sobre como essas baixas temperaturas afetam o gado, especialmente em áreas como o Estado do Mato Grosso, onde as temperaturas médias são normalmente altas, chegando a 38 a 40 graus. No entanto, com a chegada dessa frente fria, algumas localidades experimentaram temperaturas de 9 graus ou até mesmo menos, o que representa uma queda significativa. Para entender melhor o impacto dessas condições climáticas, é importante considerar a origem do gado Nelore, que é a raça predominante nessas regiões. Os animais Nelore têm origem asiática e são adaptados a altas temperaturas, ao contrário de linhagens europeias encontradas em regiões mais frias. Essa diferença na adaptação é um fator que contribui para a mortalidade mais elevada em momentos de frio intenso.
O testemunho dos produtores
As histórias de perda e tristeza se multiplicam nas propriedades rurais do Pantanal. Um fazendeiro de Corumbá, que preferiu não ser identificado, relatou o desespero de encontrar 25 bezerros sem vida, resultando em um prejuízo estimado em R$ 40 mil. Os animais estavam destinados a se tornarem parte essencial da criação e do gado de corte, representando um investimento de meses de trabalho árduo. A dor desse produtor reflete a angústia vivenciada por muitos outros que compartilham do mesmo destino cruel.
O impacto emocional
A tragédia vai além do impacto econômico imediato. Os produtores rurais enfrentam uma batalha emocional ao testemunhar a perda de animais que fazem parte de suas famílias e representam a base de sua subsistência. José Ginevaldo Vitório, criador da fazenda Recanto das Águas, relata que nunca havia vivenciado uma situação tão devastadora antes. Ele perdeu cinco vacas da raça nelore, mas ouviu relatos ainda mais tristes de vizinhos que perderam até 20 animais. É um momento de luto e de apoio mútuo entre os produtores que compartilham essa dor.
Condições climáticas adversas
Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) revelam que a madrugada de sexta-feira (16) registrou temperaturas de 11°C em Corumbá, com sensação térmica ainda mais baixa, atingindo 9°C. Essas marcas históricas confirmam a severidade do frio que castigou a região do Pantanal sul-mato-grossense. Apesar de o frio continuar no fim de semana, a expectativa é de que as temperaturas comecem a subir a partir de hoje segunda-feira (19), marcando a transição do outono para o inverno.