MULHER: Quando o amor mata – A história de Célia

O título deste artigo é ambíguo, até porque amor não mata e Zé matou Célia por ódio.

Em 2009 Zé ainda tinha outra companheira e conheceu Célia. Ele poconeano, já tinha esposa e filhos. Ela solteira, sua família é de Rondonópolis, porém tinha uma irmã em Cuiabá, Célia era mãe de um jovem de vinte e poucos anos que foi criado pela madrinha, mesmo longe do filho só falava sobre ele e mantinha contato direto por telefone e a cada ano ia visitá-lo.

Célia e Zé eram trabalhadores, ele funileiro e ela doméstica e cozinheira. Célia já trabalhou em alguns restaurantes da cidade de Poconé e em várias casas de família, os patrões sempre a elogiavam.

Um relacionamento conturbado, idas e vindas. Ela reclamava sobre as farras dele, ele reclamava sobre a pressão sufocante que ela fazia para tê-lo sempre por perto.

No mês de julho de 2010 ela faltou o trabalho de domestica free-lance na residência de uma família, o motivo: Zé havia batido nela mais uma vez e seu rosto apresentava visíveis sinais de violência. Foi quando as pessoas próximas de Célia descobriram que ela era agredida pelo companheiro.

Se separaram por alguns meses e Célia sempre ameaçava denunciá-lo para policia. Mesmo orientada para procurar a policia ou mesmo a Defensoria Pública existente na cidade Célia inventava desculpas e não ia. Talvez amor? Uma faísca de esperança que Zé um dia mudasse e voltasse para ela e juntos vivessem uma linda história e envelhecessem juntos.

Zé voltou, Célia aceitou… mas tudo piorou.

Algumas semanas depois e desta vez Célia vai ao trabalho com o nariz deslocado, lábios inchados, olhos roxos e hematomas nos braços.

As pessoas mais próximas a aconselham procurar a policia, mas Célia não vai. Uma das falas de Célia certa vez foi “Como que alguém que eu amo pôde tirar tanto sangue de mim e me bater tanto” afirmou.

Célia mesmo envergonhada foi assistir uma palestra sobre violência contra a mulher proferida por representantes da Sejusp, na quadra de uma escola pública (Eucáris) onde havia muitos alunos. Quase ninguém percebeu aquela mulher sozinha encostada em um dos pilares da quadra, lá de longe observando o que parecia histórias surreais, no entanto ela era uma das personagens. Célia foi embora no meio da palestra, justificou depois que não se sentiu bem no meio de tantos adolescentes.

Mais uma vez Zé e Célia se distanciaram. Algumas semanas depois a própria Célia afastou-se de algumas pessoas próximas dela, de alguns vizinhos.

Os vizinhos avistavam mais uma vez Zé parando na frente da casa de Célia, novamente parecia que Célia, apaixonada como sempre, aceitou de novo Zé em sua vida.

Anoitecer de quinta-feira, 13 de janeiro de 2011, o corpo de Célia foi encontrado estrangulado com traços de violência por todo o rosto. Supostamente Zé teria matado Célia na noite de quarta para quinta-feira. Na sexta-feira Zé é preso em Várzea Grande, encaminhado para o presídio de Paschoal Ramos. O delegado de Policia de Poconé, Dr. Walter é entrevistado em uma emissora de TV estadual e fala sobre o caso. O apresentador comenta que Zé realmente tem que ir pra cadeia.

Em Poconé, no Brasil e no mundo, Célia é mais uma das vitimas da violência contra a mulher, CÉLIAS do mundo todo são agredidas e muitas são cruelmente assassinadas, poucas denunciam…

Para as pessoas que conviveram com Célia fica o sentimento de saber que ela era alguém sozinha em Poconé e morreu sozinha em sua humilde casa apenas com seu algoz, aquele que ela pensava amar, um amor platônico, uma morte cruel, sentimento latente de impotência, de platéia.

Até quando “ZÉS” e tantos outros homens vão matar suas esposas, amantes ou namoradas?

Até quando os gritos silenciosos das mulheres vitimas de violências só serão ecoados após suas mortes?

Aqui jaz Maria Célia… Vá com Deus!!!

Artigo escrito para Revista 4º Poder em março de 2011 por Walney Rosa

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