Minas Gerais segue com mais de 600 cidades em alerta por causa das chuvas, veja previsão, Cinco trechos de praia estão impróprios para banho no Litoral da Paraíba

Bendev Junior
fevereiro 1, 2025 - 1 mês atrás

Este artigo apresenta um resumo das principais notícias do dia, destacando os acontecimentos mais relevantes. Confira os detalhes a seguir.

1. Minas Gerais segue com mais de 600 cidades em alerta por causa das chuvas, veja previsão

O alerta é válido até a manhã deste domingo (2), e prevê chuva que podem ir de 20 até 100 milímetros durante o dia, além de ventos que podem chegar aos 100 km por hora. Céu nublado e chuva em Belo Horizonte
Raquel Freitas/TV Globo
O estado de Minas Gerais segue com mais de 600 municípios em alerta amarelo — com risco de chuva forte — neste sábado (1). Os números são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O alerta é válido até a manhã deste domingo (2), e prevê chuva que podem ir de 20 até 100 milímetros durante o dia, e ventos que podem chegar aos 100 km por hora.
Desde o início do período chuvoso no estado, em setembro de 2024, Minas Gerais registrou 26 mortes em decorrência dos temporais.
Ao todo, são 3.580 pessoas desalojadas e 421 desabrigadas. Os números são do mais recente boletim da Defesa Civil estadual, divulgado na manhã desta sexta-feira (31).
Segundo a Defesa Civil de Minas Gerais, a previsão para o fim de semana é tempo instável e chuva forte na maior parte do estado.
“Em função da atuação de um novo episódio de Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS, há previsão de acentuado volume de chuva acentuado nas regiões do Sul, Oeste, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Zona da Mata. Em BH e Região Metropolitana, o tempo seguirá instável e pode chover moderadamente a forte nos próximos três dias”, diz o boletim da Defesa Civil.
Temporal em BH e Região Metropolitana
A chuva que caiu na Região Metropolitana de Belo Horizonte na tarde desta quarta-feira (29) causou estragos em diversas cidades de Minas, uma delas foi Santa Luzia, que fica na Região Metropolitana da capital. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a corporação recebeu 24 chamados de emergência na cidade.
No bairro Palmital, um carro ficou preso com passageiros, e um homem se arriscou para retirar uma passageira do veículo. Ela precisou sair pela janela e foi carregada (veja vídeo abaixo).
Carro fica preso com passageiros, em Santa Luzia, e homem se arrisca para retirar menina
Um dos pontos mais críticos foi na Avenida Joaquim Rodrigues da Rocha, conhecida como “Avenida do Canal”, no bairro Cristina/Palmital. O córrego que passa pela via transbordou. Em imagens registradas por moradores, é possível ver o grande volume de água e a enxurrada, que chegou a arrastar carros.
A chuva forte também causou transtornos e estragos na Cidade Administrativa, sede do governo de Minas Gerais, em Belo Horizonte, na tarde desta quarta-feira (29).
Vídeos registrados no local, no bairro Serra Verde, na Região de Venda Nova, mostram que uma janela se soltou e “voou” durante o temporal, em uma sala do 12º andar, no Prédio Minas. No mesmo andar, houve vazamento de água dentro de um escritório, onde servidores trabalhavam (veja abaixo).
As imagens ainda mostram alagamento no estacionamento do prédio, além de danos na estrutura. Segundo servidores, os elevadores também apresentaram problemas.
“Está cada dia pior. Estamos presos e sem saber se confiamos em descer de elevador”, disse uma funcionária.
Janela se solta e ‘voa’ na Cidade Administrativa, em BH
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2. Cinco trechos de praia estão impróprios para banho no Litoral da Paraíba

Relatório de balneabilidade da Sudema traz a lista de praias da Paraíba que estão impróprias para banho no Litoral. Praia do Cabo Branco em João Pessoa
Luana Silva/g1
Cinco trechos de praia estão impróprios para banho no Litoral da Paraíba neste final de semana, segundo o relatório de balneabilidade divulgado pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema). Os trechos estão em João Pessoa e em Pitimbu.
Outros pontos monitorados, situados em Mataraca, Baía da Traição, Conde, Lucena, Cabedelo e Rio Tinto tiveram a qualidade das águas classificada como própria.
A análise da balneabilidade da água foi realizada de 27 até 31 de janeiro e é válida até o dia 7 de fevereiro, data da divulgação do próximo relatório.
Lista de praias impróprias para banho na Paraíba
João Pessoa
Penha, em frente à desembocadura do Rio Aratu
Arraial, em frente à desembocadura do Rio Cuiá
Pitimbu
Maceió, em frente à desembocadura do riacho Engenho Velho
Coqueiros, no final da Rua Almirante Tamandaré
Ponta dos Coqueiros, em frente à desembocadura da Lagoa
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3. Capital e Grande SP vivem madrugada de caos por causa da chuva em várias regiões; Defesa Civil emitiu alerta de temporais severos

Zona Leste de São Paulo, Franco da Rocha, Caieiras, Diadema, Santo André e São Bernardo tiveram alagamentos severos na madrugada deste sábado (1). Alagamento na Rua Padre Viegas de Menezes, em Itaquera, Zona Leste, na madrugada deste sábado (1°).
Reprodução/TV Globo
Os moradores da capital e cidades da Grande São Paulo viveram uma madrugada de caos e angústia neste sábado (1), em razão das fortes chuvas que caíram em toda a região.
Os temporais começaram no fim da noite desta sexta-feira (31) e obrigaram a Defesa Civil a emitir um alerta severo de chuvas persistentes, por causa dos alagamentos que aconteceram em São Paulo, Caieiras, Franco da Rocha e ABC Paulista.
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Cidades como Diadema Santo André e São Bernardo também tiveram bairros inteiros alagados.
Centenas de ruas e casas ficaram alagadas na capital paulista. As regiões do Itaim Paulista, Guaianases, Penha e Itaquera, na Zona Leste, foram as mais afetadas.
O término de atenção para alagamentos e enchentes nessas áreas só terminou as 4h30 da manhã, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE).
Alagamento na Grande São Paulo e alerta da Defesa Civil para os riscos dos temporais, que começaram na noite desta sexta-feira (31).
Reprodução
Nos Jardins Helena e Pantanal, na Zona Sul, também houve enchentes em várias ruas do bairro, que ficaram completamente alagadas e obrigaram os moradores a passarem a madrugada acordados, cuidando dos pertences e familiares.
Da noite de sexta (31) até o fim da madrugada, o Corpo de Bombeiros recebeu 69 chamados para enchentes e outros pedidos de socorro, conforme abaixo:
19 chamadas para queda de árvores;
08 chamadas para desabamentos/desmoronamento;
69 chamadas para enchentes.
Na Zona Norte, várias casas da Vila Albertina e do Jaçanã também ficaram embaixo d’água.
As 04h30 os bombeiros foram chamados para atender uma ocorrência de desabamento na Rua Olavo Hansen, no Jaçanã.
Duas mulheres estavam na casa e foram socorridas pela corporação. Leia mais

4. Mulher completa mais de dois meses com rim de porco e se torna a primeira a sobreviver tanto tempo com órgão de animal

Essa é a primeira vez que um paciente sobrevive tanto tempo com o órgão. Recuperação é esperança para quem espera por transplante. No Brasil, são mais de 40 mil pessoas. No meio, Towana, que está há dois meses com rim de porco
Mateo Salsedo
A mulher que recebeu um rim de porco após anos de hemodiálise é a primeira a sobreviver tanto tempo com o órgão do animal. Towana Looney está saudável há dois meses após o transplante, e o resultado traz esperança para milhares de pacientes ao redor do mundo.
A cirurgia foi realizada em novembro de 2024 pela equipe de pesquisadores do NYU Langone Transplant Institute, nos Estados Unidos. Desde então, ela segue bem.
“É uma nova visão da vida, sou uma supermulher”, disse Towana em entrevista à Associated Press.
Antes dela, outros quatro pacientes receberam um rim de porco, mas nenhum sobreviveu por mais de dois meses com o órgão. Towana já ultrapassou os 65 dias saudável após o transplante e com isso é a primeira a ultrapassar o marco e se tornou a única mulher viva com um rim de um animal.
Towana luta por um rim desde 2017. Tudo começou quando em 1999 ela doou um rim para a mãe, que tinha insuficiência renal. Anos depois, durante a gravidez, ela desenvolveu a mesma doença devido a complicações causadas pela pressão alta. Em dezembro de 2016, iniciou o tratamento com hemodiálise e, um ano depois, entrou na lista de espera para transplante, mas nunca encontrou um doador compatível.
Towana logo após a cirurgia
Divulgação/NYU Langone Health
Durante todos esses anos, ela dependia da hemodiálise, com sessões semanais que a mantinham horas conectada às máquinas. Hoje, comemora o fato de já conseguir ultrapassar seus parentes em longas caminhadas por Nova York, onde permanece até o fim do acompanhamento médico, previsto para encerrar em um mês.
Segundo os médicos, ela está saudável, sem qualquer sinal de rejeição, e sua função renal está completamente normal.
“Estamos bastante otimistas de que isso continuará funcionando bem por um período significativo”, disse o médico Robert Montgomery, que liderou o transplante.
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Os médicos acreditam que o quadro otimista de Towana tem a ver com a saúde dela antes do transplante. Diferente dos demais pacientes, ela tinha menos complicações anteriores e uma saúde estável, apesar do problema renal.
Isso acontece também porque hoje o transplante usando um rim animal geneticamente modificado ainda não é uma realidade. Nos Estados Unidos, o FDA permite o transplante em casos específicos em que o paciente não tem outras opções. No caso de Towana, ela estava há anos esperando sem qualquer rim compatível, o que poderia piorar seu quadro de saúde.
Ela já não está mais no hospital, mas ainda é acompanhada e deve ter alta em fevereiro
Shelby Lum/AP
Não há como prever por quanto tempo o novo rim de Looney funcionará, mas se ele falhar, ela poderá receber diálise novamente.
“A verdade é que não sabemos realmente quais são os próximos obstáculos porque esta é a primeira vez que chegamos tão longe”, disse Montgomery. “Teremos que continuar a realmente ficar de olho nela.”
O que é xenotransplante
A cirurgia de Looney é a mais recente de uma série de procedimentos semelhantes conhecidos como xenotransplante, que é a prática de transplante de órgãos entre espécies. O órgão é de um porco, mas geneticamente modificado para ser melhor aceito no corpo humano.
Neste caso, o rim tinha dez modificações genéticas que incluem a remoção de três antígenos imunogênicos, que podiam reforçar a resposta imunológica humana e causar a recusa. Além de um um receptor de hormônio de crescimento suíno, para evitar que ele ficasse desproporcional ao corpo humano.
Ainda foram adicionados seis transgenes humanos, para ajudar que ficasse mais parecido com o órgão humano e reduzir a probabilidade de rejeição.
As pesquisas sobre o xenotransplante vem crescendo nos últimos anos como opção frente à falta de órgãos para as pessoas com doenças que dependente de transplante.
Brasil tem mais de 40 mil pessoas esperando por um rim
No Brasil, 41 mil pessoas esperam por um transplante de rim. O órgão é o com a maior fila de espera no país, que tem 45 mil pessoas esperando por uma doação.
Segundo especialistas, isso ocorre por as doenças com maior prevalência no país afetam o órgão. Para se ter uma noção, o país tem um dos maiores números em transplante renal do mundo, ainda assim, há milhares de pessoas na fila por causa da recorrência.
A doação de órgãos ainda é o maior limitador para que esses números não avancem. Recentemente, o país implementou medidas para facilitar a doação, como a declaração de doador, mas por lei a decisão ainda é da família. Leia mais

5. Pesquisador brasileiro em IA explica por que DeepSeek impressionou: ‘Fizeram de forma totalmente diferente da maioria das empresas de tecnologia’

Lançado há menos de duas semanas, chatbot levou pânico ao Vale do Silício e esquentou corrida entre EUA e China pelo posto de superpotência da tecnologia. Mas para além da alta tensão na arena dos negócios e da geopolítica, a inovação da plataforma surpreendeu a comunidade científica, ressalta Cleber Zanchettin, do Centro de Informática da UFPE, referência em inteligência artificial na América Latina. Pesquisador brasileiro em IA explica por que DeepSeek impressionou: ‘Fizeram de forma totalmente diferente da maioria das empresas de tecnologia’
Reuters
O chatbot de inteligência artificial chinês DeepSeek-R1 foi lançado discretamente em 20 de janeiro de 2025.
Dois dias depois, a equipe por trás da plataforma publicou um relatório técnico de 22 páginas em que avaliava seu desempenho e a colocava no mesmo patamar dos rivais americanos ChatGPT, da OpenAI, e Claude, da Anthropic.
O mundo da tecnologia reagiu inicialmente com ceticismo: quem garantia que o que estava escrito ali era verdade e que não se tratava de mera propaganda do governo chinês?
Esse momento foi breve. À medida que os especialistas foram testando o modelo e entendendo como tinha sido construído, perceberam que de fato rivalizava com os das big techs americanas — e embaralhava a disputa entre EUA e China pelo posto de superpotência da tecnologia.
Uma semana depois, o Vale do Silício entrou em pânico. As ações das 7 principais empresas de tecnologia dos Estados Unidos desidrataram e as Magnificent 7 (Apple, Microsoft, Alphabet (Google), Amazon, Nvidia, Tesla e Meta) perderam US$ 1 trilhão em valor de mercado em 27 de janeiro.
Depois vieram os questionamentos, de que os US$ 5,5 milhões que a empresa afirma ter investido para treinar o modelo eram subestimados, de que o número de chips usados no projeto era maior do que os dois mil divulgados pela companhia.
Na quinta-feira (29/1), a OpenAI alegou que a DeepSeek usou dados do ChatGPT para treinar seu chatbot, sem dar mais detalhes sobre o caso.
Também repercutiu a autocensura da plataforma, que desconversa e dá respostas como “Desculpe, isso está além do meu escopo atual. Vamos falar de outra coisa” quando questionada sobre temas considerados controversos do ponto de vista da ideologia Partido Comunista Chinês — “O que foi o massacre da Praça Celestial?”, por exemplo.
Mas, para além da alta tensão na arena dos negócios e da geopolítica, a inovação em si trazida pela plataforma impressionou a comunidade científica, ressalta o pesquisador brasileiro Cleber Zanchettin.
Apesar de ter sido comparado ao ChatGPT do ponto de vista da experiência do usuário, por trás das cortinas o DeepSeek é bem distinto do concorrente americano.
“A forma como eles fizeram foi totalmente diferente da maioria das empresas de tecnologia”, diz o professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (CIn-UFPE), montado na década de 1980 e hoje um dos líderes em pesquisa em inteligência artificial na América Latina.
Em entrevista à BBC News Brasil, o especialista mergulhou em quatro características que explicam porque o DeepSeek impressionou.
Sede da Nvidia em Santa Clara, na Califórnia: fabricantes de chips foi uma das viu ações despencarem nos últimos dias
JOHN G MABANGLO/EPA-EFE/REX/Shutterstock
1. Código aberto
A primeira coisa que chamou atenção foi o código aberto. “Eles contaram coisas que não haviam sido divulgadas por outros fabricantes”, ressalta o professor.
Até então, predominavam entre os modelos de linguagem de grande escala (LLM na sigla em inglês, de “large language models”) os de código fechado, caso do ChatGPT e do Claude, em que toda a engrenagem por trás da interface é mantida em sigilo, e os de pesos abertos, em que alguns dos parâmetros são divulgados, caso do LLaMA, da Meta.
O DeepSeek, segundo Zanchettin, foi além.
“Eles de certa forma publicaram a receita de como você treina o modelo, que é um negócio protegido a sete chaves mesmo por quem publica os modelos em formato de open weights (pesos abertos). Acho que é um diferencial muito grande.”
Antes da chegada do chatbot, os pesquisadores não tinham uma noção muito clara da cadeia de raciocínio para se chegar a modelos mais avançados de inteligência artificial.
Botão DeepThink mostra linha de raciocínio do modelo
Reuters
2. Raciocínio explícito
Nesse sentido, ele também aponta como diferencial o mecanismo que detalha o passo a passo do raciocínio em cada uma das respostas que o DeepSeek dá quando o botão “DeepThink” está ativo.
“A maioria das empresas não queria que a gente entendesse direito [como o modelo raciocina], porque isso pode levar você a perceber que ele está fazendo as coisas direito ou que não entendeu nada, e que o resultado é mais ou menos aleatório”, argumenta.
Em um teste feito pela reportagem com uma questão de matemática da segunda fase do vestibular do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) de 2024, o DeepSeek testou uma série de caminhos até chegar no que considerou a resposta correta.
Foi e voltou na linha de pensamento, com expressões como “Calma”, “Espere aí”, “Mas como?”, “Espere, talvez haja um caminho melhor”, “Deixe-me tentar essa abordagem”, “Outra ideia:”, “Isso parece demais, vamos checar novamente”, “Vamos nessa direção”.
Enxergar esse processo, segundo Zanchettin, é útil para os especialistas entenderem melhor a robustez e interpretarem as habilidades do modelo.
“Essa é uma informação bastante relevante do ponto de vista de como o modelo toma decisões.”
Para especialistas, experiência do usuário no DeepSeek se aproxima da última versão do ChatGPT
Reuters
3. Aprendizagem por reforço
Outra surpresa foi o método usado para desenvolver e treinar a plataforma.
Os modelos fechados até então demandavam bastante intervenção humana, uma estratégia conhecida no jargão da inteligência artificial como “humano no loop” (HITL, na sigla em inglês), muito usada nas etapas de ajuste fino (“fine tuning”).
O DeepSeek tem uma dependência “muito menor” da supervisão humana, com uma abordagem centrada no aprendizado por reforço: o sistema é treinado dentro de um modelo de recompensas (em que recebe um retorno positivo, por exemplo, cada vez que dá a resposta correta para um problema matemático) e vai se sofisticando por conta própria, aprendendo a “raciocinar” de forma cada vez mais eficiente e, como consequência, melhorando a qualidade das respostas que devolve.
No relatório técnico divulgado em 22 de janeiro, a equipe compartilhou que perceber que a abordagem focada na auto-evolução tinha sido bem sucedida fora equivalente a um “aha moment”, algo como um “momento Eureca”.
“Isso tornou o processo não só mais interessante, mas também mais barato computacionalmente”, diz Zanchettin.
O que pode significar, ele acrescenta, que estamos diante de uma mudança de paradigma importante. Sem a necessidade de investimentos bilionários, mais atores têm chance de competir na busca por inovação em inteligência artificial, inclusive os brasileiros.
O pesquisador, que foi professor visitante na Northwestern University, pondera que, mesmo nos Estados Unidos, grupos de pesquisa e startups sem grandes recursos dificilmente conseguem disputar com as big techs, que se baseiam na “força bruta” quando se trata de sistemas de inteligência artificial: “Quanto mais recursos você tem, mais hardware você consegue adquirir, mais dados você pode usar para treinar o modelo, e melhor é o modelo.”
As inovações a menor custo da DeepSeek “colocam um monte de gente muito talentosa de volta ao tabuleiro de jogo, com possibilidade de inovar no mesmo nível”, acredita.
“Acho que vai abrir portas não só para ir para a academia, mas para a indústria e para a população como um todo, que vai ser inundada com muita inovação e com um custo menor.”
DeepSeek esquentou corrida entre EUA e China por supremacia tecnológica
Reuters
4. Da restrição à inovação
A aprendizagem por reforço é uma entre uma série de inovações que a DeepSeek apresentou.
“Tem vários avanços tecnológicos, do ponto de vista de engenharia, que eles conseguiram fazer funcionar em conjunto e que a gente não tinha conseguido ainda. Esse também foi um diferencial grande”, diz o professor.
O feito chama ainda mais atenção por ter sido alcançado sem os melhores chips disponíveis no mercado, já que em 2022 os Estados Unidos impuseram à China restrições para importação de chips de última geração, justamente para barrar o avanço chinês nessa área, alegando preocupações com segurança.
“Aqui no Brasil, por conta das várias dificuldades que a gente enfrenta, a gente sempre teve esse mantra de que a dificuldade gera oportunidade, de que a inovação vem da restrição, e eu acho que a China provou isso agora”, acrescenta.
Até a estreia do DeepSeek, a crença em boa parte do Ocidente era de que a China estava bem atrás dos Estados Unidos na área de IA avançada. O ChatGPT surgiu em 2022 e, desde então, as big techs americanas vinham lançando suas plataformas de IA generativa com algum sucesso, como o Claude, da Anthropic, e o Gemini, do Google.
Empresas chinesas como Baidu, Tencent e ByteDance, dona do TikTok, chegaram a colocar no mercado modelos de IA, mas que não tinham sido considerados à altura do ChatGPT.
O DeepSeek muda o jogo e esquenta a corrida entre China e Estados Unidos pelo posto de grande potência da tecnologia deste século 21.
Dias depois da estreia, outra empresa chinesa, a Alibaba, lançou seu modelo de IA e disse que ele era ainda melhor do que o da conterrânea.
Para o pesquisador brasileiro, essa rivalidade dos chatbots é uma fatia pequena das ambições dos dois países na área de inteligência artificial, um ângulo que talvez nem lhes interesse tanto do ponto de vista estratégico.
A IA, ele lembra, tem aplicações militares e em áreas tão diversas quanto as de robótica, de veículos autônomos, de sistemas de comunicação e de saúde.
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  1. Brasil

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