Comunidades remotas do Alto Pantanal promovem inovação com sistema agroflorestal

Walney Rosa
janeiro 27, 2023 - 2 anos atrás

O Alto Pantanal, numa área de cerca de 1 milhão de hectares, que fica localizada entre os municípios de Poconé e Cáceres (MT) e Corumbá (MS), está tendo atenção especial dentro do Plano de Desenvolvimento do Território Alto Pantanal. Trata-se de três comunidades na região da Serra do Amolar.

Esse projeto que está em andamento faz parte do programa Pró Pantanal, do Sebrae e está sendo desenvolvido pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP).

O programa prevê um conjunto de medidas para promover o desenvolvimento sustentável em comunidades tradicionais que habitam o pantanal a partir do uso do sistema agroflorestal. Nessas comunidades, as famílias envolvidas estão aprendendo novas habilidades com relação ao cultivo e diversificação de produtos. Os efeitos vão refletir na melhoria da alimentação dos moradores e ainda podem gerar oportunidade para se fazer negócios com o trade turístico.

Por conta da conservação do território, o ecoturismo é um dos pilares econômicos que movimenta a região, por isso o Sebrae/MS e o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) estão dando suporte para que essas três comunidades do Alto Pantanal, na região da Serra do Amolar, promovam ações de empreendedorismo a partir da realidade que esse grupo de moradores vive.

As comunidades da Barra do São Lourenço, Serra do Amolar e Porto do Binega aglutinam em torno de 20 famílias que vivem em um território de maior conservação do Pantanal. As primeiras atividades implantadas envolvem o aprimoramento da agricultura familiar com o sistema de agrofloresta, além do projeto-piloto de tanques-rede para criação de peixes.

“O que eu já coletei aqui, com verduras e mandioca, consegui mandar até para a cidade. Agora vou começar a colher banana, tem mais mandioca. Queremos a continuidade porque o alimento que colhemos aqui foi muito bom. Sou muito grata. A cada dia, a cada sol que teve, tudo foi muito gratificante. Deu vida e alimentação saudável pra gente. Como é bom a gente ter uma alimentação saudável e colhida do lado da casa”, conta Eliane Aires, moradora da Barra do São Lourenço.

O sistema agroflorestal também foi utilizado na ilha do Moquém, que fica próxima à comunidade da Barra do São Lourenço. O plano alcançou essa área para fortalecer o chamado oásis agroflorestal que existe ali, e serve para contribuir na conservação do local, que foi atingido por incêndios florestais em anos anteriores.

Para garantir que as estratégias de atividades sejam definidas atendendo às demandas das comunidades, o Plano de Desenvolvimento do Território Alto Pantanal está em processo de levantamento do mapeamento social com visita às famílias. Elas vivem há mais de cinco horas de viagem de barco a partir de Corumbá, subindo o rio Paraguai. “Esses dados vão nos ajudar no planejamento de como atingir o desenvolvimento nessa região pelo fato de agora já termos ciência do que cada família consegue produzir por conta própria”, explica a assistente social Jessyka Karolaine da Fonseca Alvares.

Implantação tanque-rede

Além do sistema de agrofloresta, outro trabalho para desenvolver o empreendedorismo em comunidades do Alto Pantanal envolve o uso de tanques-rede para criação de peixes. Os três tanques foram instalados em dezembro de 2022 no Corixo Penha, na região da Serra Negra, que pertence ao território da Serra do Amolar, com apoio da Brigada Alto Pantanal. Pesquisadores da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) acompanham a evolução da criação.

Moradores da região vão aprender técnicas de criação e manutenção e a produção vai fomentar geração de renda e dar suporte na merenda escolar de quatro unidades de ensino instaladas no território.

“Nós acreditamos que para que a gente possa ter um olhar de preservação sobre o território é importante que os habitantes queiram ficar ali e que o ambiente ofereça condições de vida para essas pessoas. A comunidade da Serra do Amolar é uma das mais distante, por isso buscamos um parceiro para levar a proposta de trabalhar a vertente do empreendedorismo. O Sebrae junto ao Instituto está oferecendo alternativas de geração de renda, capacitando e levando estrutura para que elas possam ter atividades produtivas, permaneçam no território e trabalhem na preservação ambiental, cultural e no modo de vida pantaneiro”, detalha a coordenadora do Programa Pró Pantanal do Sebrae/MS, Isabella Montello.

A secretária-executiva do IHP, Betina Kellermann, reforça a importância de dar o protagonismo para essas comunidades remotas. “É uma ferramenta de atuação do Alto Pantanal para proporcionar a geração de oportunidades de negócios e de renda às comunidades daquela região.”

Será realizado, ainda, o mapeamento dos sítios arqueológicos presentes no território e a formatação de um roteiro de turismo sustentável.

Sobre o Pró Pantanal

O Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal é uma iniciativa do Sebrae para fomentar atividades econômicas nos eixos do turismo, da economia criativa e do agronegócio existentes no Pantanal. O programa ainda tem apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS), Instituto do Meio Ambiente de MS (Imasul) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMADESC).

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