Passaram-se exatamente dois anos, em 23 de junho de 2019, ocorreu a Cavalhada de Poconé, no município turístico pantaneiro distante 100 quilômetros ao sul de Cuiabá, capital de Mato Grosso.
Na madrugada e manhã de 23 de junho de 2022, a equipe do site MTTotal esteve no Clube Cidade Rosa (CCR), acompanhando os preparativos para o retorno da Cavalhada que ocorrerá no próximo domingo 26. O evento deixou de ser realizado por dois anos devido à pandemia do Covid-19.
ENSAIOS:
30 dias antecedendo a festa toda irmandade de São Benedito se mobiliza para os ensaios da Cavalhada. “Os ensaios têm um sabor diferente, afinal foram dois anos sem realizar o evento. Principalmente agora e com entrada de novos cavaleiros precisamos dedicar muito aos ensaios para realizarmos um lindo espetáculo”, declarou o Capitão do Mastro, Pedro Lúcio Vieira de Moraes, responsável pela organização técnica da Cavalhada de 2022.
Os mantenedores Eduardo Matos Eubank de Campos (Exército Cristão) e Lucas Gaíva e Silva (Exército Mouro) com seus embaixadores: Gabriel da Silva Lobo (Exército Cristão) e Halen Marques Soares (Exército Mouro) conduzem num total de 24 Cavaleiros, sendo 12 Vermelhos (Mouro) e 12 Azuis (Cristão) a dramatização da Cavalhada.
Para os ensaios, a partir das cinco da madrugada, é servido o café da manhã, feita a oração a São Benedito (Padroeiro) e ao Divino Espírito Santo.
ORDEM DOS CAVALEIROS DE SÃO BENEDITO:
Os 24 cavaleiros são devotos de São Benedito, Santo Patrono da Festa ao qual a Cavalhada é a dramatização de abertura. Entre eles misturam-se jovens e experientes, e por vezes, maduros que correm pela primeira vez e jovens que já têm vários anos participando da Cavalhada.
A exemplo do Embaixador Hallen Marques Soares (38) que é o cavaleiro mais antigo do grupo que iniciou a correr há 19 anos. Ao seu lado conversamos com os cavaleiros de primeiro ano na disputa: Valdemir Jacob dos Santos e André Costa Marques.
“Devoção, paixão, dedicação, amor, fé e perpetuação da cultura”, são sentimentos de todos os cavaleiros.
OS FESTEIROS 2022:
Rei Clóvis Damião Martins, Rainha Susiley A. Ferreira Gomes, Capitão do Mastro Pedro Lúcio Moraes e a Rainha da Cavalhada Maria Clara Vieira Benedito.
O CAIXEIRO:
Ao som dos repiques na caixa que entoa uma marcha executada pelo instrumento de percussão, os cavaleiros entram na Arena da Cavalhada e ensaiam diversos movimentos, torneios e jogos, em que iram concorrer a pontuações.
Ângelo Jesuíno a 20 anos é o caixeiro da cavalhada em substituição a Vicente Caixeiro. Ângelo apresenta o ritmo da guerra e no final da longa disputa, independente dos pontos conquistados a história é contada como aconteceu realmente, sendo assim vencem os cristãos que ainda conseguem converter os mouros ao cristianismo.
A FESTA:
Teve inicio com a novena que ocorreu de 07 a 15 de junho;
Encerrou com Levantamento do Mastro e quermesse em frente a Igreja São Benedito;
26/06 (Domingo): Cavalhada na Arena CCR – Clube Cidade Rosa;
28/06 (Terça): Almoço Comunitário – CCR;
29/03 (Quarta) Missa pela manhã, Chá com bolo, almoço comunitário;
30/06 (Quinta) Cerimonia de Diplomação da Rainha e Novos Cavaleiros;
01/07 (Sexta) Leilão de Prendas;
02/07 (Sábado) A noite tradicional Missa e Iluminação do Adro da Igreja Matriz, quermesse e apresentação do grupo folclórico Os Mascarados;
03/07 (Domingo) Procissão dos Anjos e Missa Solene
História:
Rainha Helena: Filha de um deus, mulher de um rei, prêmio da guerra mais sangrenta da Antiguidade, Helena de Tróia inspira artistas há milênios. Em Poconé é a jovem Maria Clara Vieira Benedito, quem dá nova vida ao grande conto homérico pondo Helena (Aline) como a mulher mais bela do mundo que estaria resignada com um casamento desapaixonado – até encontrar o atraente príncipe troiano, Páris.
As Cruzadas: As cavalhadas recriam os torneios medievais e as batalhas entre cristãos e mouros, algumas vezes com enredo baseado no livro Carlos Magno e Os Doze Pares da França, uma coletânea de histórias fantásticas sobre esse rei. A luta remonta ao tempo das Cruzadas, quando a Igreja Católica reagiu à expansão dos impérios bárbaros sob a Europa. A representação dessa história européia incorporou-se ao folclore mato-grossense, e que envolve famílias tradicionais do município de Poconé.
A Cavalhada: É uma celebração de origem portuguesa tradicional que teve origem nos torneios medievais, onde os aristocratas exibiam em espetáculos públicos a sua destreza e valentia, e frequentemente envolvia temas do período da Reconquista.
Era um “torneio” que servia como exercício militar nos intervalos das guerras e onde nobres e guerreiros cultivavam a praxe da galantaria.
No Brasil: Registam-se desde o século XVII e as cavalhadas acontecem durante a festa do Divino, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, em todo o Brasil, somente em Poconé (MT) a Cavalhada atual, faz parte das celebrações da Festa de São Benedito. Com destaque internacional, além de Poconé a Cavalhada só é encenada em Pirinópolis (GO).
No Mato Grosso: Mais que uma tradição viva entre os pantaneiros a cavalhada começou em Mato Grosso em 1769, em comemoração à chegada de Luiz Pinto de Souza Coutinho, capitão general e terceiro governador da Capital de Mato Grosso, fixando-se no município de Poconé. A manifestação se ausentou do cenário cultural mato-grossense por 35 anos (de 1956 a 1990), mas retornou em 1991 com peculiaridades regionais.
O folguedo: Na festa de Poconé os personagens principais são os cavaleiros; vestidos de azul (Cristãos) e vermelho (Mouros) e armados de revolveres, lanças e espadas. A corte é representada pelo Mantenedor, pela Rainha Moura e seus cavaleiros; o Exército de invasores Cristãos representam as “Cruzadas Católicas” de evangelização. Há também os personagens dos Mascarados, que são homens de mascarás que supostamente inflamariam a guerra entre os dois exércitos, sendo traidores do reinado Mouro.
As provas: Diversas batalhas travadas entre as duas tropas são representas por meio da realização de provas hípicas. Os cavaleiros se entregam a uma série de competições equestres, oferecendo os troféus às suas “damas, autoridades ou familiares”. A banda Municipal Cidade Rosa acompanha o espetáculo…
Os Cavaleiros: São empresários, veterinários, médicos, advogados, engenheiros que assumem o papel de cavaleiros e guerreiros de seus exércitos com grande habilidade sob o cavalo.
Nas provas a vitória depende do desempenho de cada cavaleiro junto ao seu exército, no entanto, historicamente ao final, os cristãos vencem os mouros, que se acabam convertendo ao cristianismo.