Mais de 70% das áreas de PCHs e CGHs, em média, são de proteção ambiental

setembro 12, 2022 - 2 anos atrás

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) e as Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH) – empreendimentos que variam entre 0,01 e 30 megawatts (MW) de potência instalada – têm contribuído efetivamente para o aumento das áreas de preservação no Brasil e também para conter a crise hídrica. Para que se tenha ideia, o Brasil possui ao todo 1.150 empreendimentos construídos entre PCHs e CGHs. Em cada uma destas áreas, cerca de 70% do perímetro é formado por Áreas de Preservação Permanente, sem contar a área do lago da usina.

Um bom exemplo está na PCH Bedim, inaugurada há dois anos e construída no rio Santana, entre os municípios de Francisco Beltrão e Renascença, região sudoeste do Paraná. O empreendimento, que possui 96 hectares, conta com 80 hectares de Área de Preservação Permanente (APP), o equivalente a 80 campos de futebol.

Um dos empreendedores da PCH, Evandro Chiochetta, que é sócio-diretor de outras duas CGHs e outras três PCHs, uma delas em construção, conta que a a proteção ambiental do local está sendo ampliada com o plantio de árvores nativas. “São 90 mil mudas de árvores plantadas – e outros 24 hectares de compensação ambiental, formadas pelo plantio de 21.930 mudas. Já a obra ocupou apenas 6 hectares, sendo 3 hectares para a usina e 3 hectares para a casa de força, sala de comando e barragem, ou seja, preservamos muito mais do que qualquer outro empreendimento que possa abastecer 25 mil casas com a energia gerada e ainda cuidamos da água”, conta.

Ao todo, foram investidos R$30 milhões na construção do empreendimento que levou cerca de 5 anos para ser licenciado. Durante a obra foram gerados 800 empregos diretos e indiretos.  Além da PCH Bedim, Evandro também tem a PCH Salto Bandeirantes (4,2 MW), PCH Vila Galupo (5,67 MW) CGH Vila Nova (1,2 MW) e encontra-se em construção a PCH Cavernoso IV (6 MW), todas em municípios do Paraná. Cada MW gerado é capaz de alimentar em torno de mil residências.

No centro-oeste, no estado do Mato Grosso, o Grupo Interalli possui três PCHs, Salto Vermelho I, com 57,16% da área formada por APP; PCH Recanto, que totaliza 63,99% em áreas de preservação e a PCH Santana I, que mantém 65,21% da área total formada por áreas de preservação.

O diretor do grupo, Fabrício Slaviero Fumagalli, explica que o grupo tem atuado no sentido de investir em energia limpa e sustentável. “As PCHs representam desenvolvimento econômico e cuidado com o meio ambiente”, explica.  Um dos sócios do grupo na área de energia, Plauto Neto, reforça que além da área preservada, o grupo deverá plantar mais de 80 mil mudas para recuperação ambiental no entorno das pequenas usinas.

Cenário Nacional – O Brasil tem potencial para expandir a sua capacidade de geração de energia renovável proveniente de PCHs  em até 13.700 megawatts – aumento em aproximadamente quase 300%.  Isso porque, atualmente, as PCHs e CGHs somam juntas 6.350 megawatts de potência instalada, com a possibilidade de chegar a aproximadamente 20.000 megawatts com os projetos já inventariados, segundo a Abrapch. Ainda há a possibilidade de instalação de outras 1.250, sem contar com o potencial existente no bioma amazônico, que totaliza uma centena de novos possíveis projetos.

De acordo com a presidente da Abrapch, Alessandra Torres, a crise hídrica ocorrida nos anos de 2020 e 2021 deixou clara a necessidade de novas pequenas hidrelétricas e, principalmente, novos reservatórios para o abastecimento da população e a geração de energia limpa no Brasil. “A crise hídrica gerou reflexões sobre todos os processos do setor. Os investimentos em pequenas hidrelétricas são fundamentais para a redução das tarifas e eliminação de futuras bandeiras tarifárias, em períodos de seca como a que vivemos nos últimos dois anos”, reforça Alessandra.

Outro fator importante é que as PCHs e CGHs são as geradoras de energia com menor impacto ao meio ambiente e menor pegada de carbono, se comparado a outras fontes. A intensidade de carbono na geração de energia das pequenas usinas é de 4 gCO2eq/KWh, sem comparado com a geração de energia solar que chega a 48 g CO2eq/KWh, segundo dados do IPCC – ​​Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climática.

“Além da função de geração de energia, as estruturas das pequenas usinas protegem as margens dos rios contra a erosão e possibilitam o uso das águas para irrigação, piscicultura, abastecimento e lazer. A energia gerada por PCHs e CGHs é configurada como a mais limpa entre as outras fontes sustentáveis”, afirmou a diretora de meio ambiente da Associação Brasileira de PCHs e GCHs (ABRAPCH), Gleisi Gulin.

Entraves  – Apesar de todos os benefícios ambientais e econômicos gerados pelas PCHs e CGHs, os empreendedores brasileiros ainda sofrem com a morosidade dos licenciamentos ambientais que podem levar entre 5 e 10 anos em algumas regiões do Brasil.

O Paraná, ao lado de Goiás, foi o estado que mais licenciou PCHs e CGHs nos últimos anos, com um aumento de 37% no número de empreendimentos instalados em apenas quatro anos. Ao todo, entre os anos de 2019 e 2022, foram emitidas 127 licenças ambientais (entre LP, LI e LO) e 191 renovações de licenças pelo Instituto Água e Terra (IAT) – vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo – para construção de 33 empreendimentos que representam investimentos de R$2 bilhões. Em contrapartida, em 15 anos –  entre 2003 a 2018 – foram aprovadas a instalação de apenas 12 empreendimentos.

Para tornar o licenciamento mais ágil, o IAT disponibilizou ferramentas online para a solicitação de licenças, via Sistema de Gestão Ambiental (SGA), sem perder de vista os aspectos técnicos e jurídicos dos empreendimentos. Da mesma forma atuou a Secretaria do Meio Ambiente de Goiás, que interveio para reduzir o tempo de licenciamento.

 

  1. Notícias Corporativas

As opiniões e ideias expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem necessariamente a posição do Mato Grosso Total.

Notícias relacionados

Forças de segurança impedem mais uma invasão de terra em MT; 44ª ação realizada para combater ocupações ilegais
Brasil

Forças de segurança impedem mais uma invasão de terra em MT; 44ª ação realizada para combater ocupações ilegais

As forças de segurança de Mato Grosso impediram, neste sábado (09.11), uma invasão de terra em Barão de Melgaço. Essa...

novembro 11, 2024 - Walney Rosa
Grupo desviou R$ 1,8 bilhão e atuou em mais de 100 prefeituras de MT
Brasil

Grupo desviou R$ 1,8 bilhão e atuou em mais de 100 prefeituras de MT

A operação Gomorra, desencadeada na ultima quinta-feira, 07, pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), revelou uma rede de...

novembro 11, 2024 - Walney Rosa
Fórum do Patrimônio Mato–grossense vai debater preservação de bens culturais em MT
Brasil

Fórum do Patrimônio Mato–grossense vai debater preservação de bens culturais em MT

O 1° Fórum do Patrimônio Mato-Grossense vai debater abordagens e práticas para a preservação de bens culturais em Mato Grosso...

novembro 10, 2024 - Walney Rosa
DEFESA DOS MUNICÍPIOS: TCU atende pedido da CNM que propõe diálogo federativo sobre a redistribuição dos royalties
Brasil

DEFESA DOS MUNICÍPIOS: TCU atende pedido da CNM que propõe diálogo federativo sobre a redistribuição dos royalties

Uma importante decisão sobre a redistribuição dos royalties de petróleo ocorreu na tarde desta quarta-feira, 6 de novembro, após meses de atuação...

novembro 9, 2024 - Walney Rosa
Mais 48 territórios quilombolas da Bahia são incluídos no programa de reforma agrária

Mais 48 territórios quilombolas da Bahia são incluídos no programa de reforma agrária

Um total de 48 territórios quilombolas da Bahia serão incluídos no Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Nessas áreas, residem...

novembro 8, 2024 - Walney Rosa
CAMPO VERDE: Projeto desenvolvido por alunos classifica para etapa nacional
Brasil

CAMPO VERDE: Projeto desenvolvido por alunos classifica para etapa nacional

Um grupo de alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Ulisses Guimarães, coordenado pelo professor Cleverson Moura, classificou um projeto...

novembro 8, 2024 - Walney Rosa