Padre nascido em Nantes lembra contatos com papa Francisco: ‘Ele me olhou com o mesmo afeto, ouviu com atenção e me abençoou’


Anderson Santanha Cunha, de 33 anos, disse ao g1 que ‘misericórdia’ e ‘esperança’ são duas palavras-chave que resumem não só o pontificado, mas também a vida do Santo Padre. Primeiro encontro do padre Anderson Santana Cunha com o papa Francisco ocorreu em 12 de outubro de 2022, na Praça de São Pedro, no Vaticano
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O padre Anderson Santana Cunha, de 33 anos, natural de Nantes (SP), teve dois contatos com o papa Francisco ao longo de sua trajetória religiosa. A primeira ocorreu em 12 de outubro de 2022, quando estudou em Roma, na Itália, em uma audiência geral que o pontífice realizava semanalmente na Praça de São Pedro, no Vaticano. Já o segundo encontro ocorreu em 8 de maio de 2024, quando o papa escolheu a paróquia em que Anderson residia para se encontrar com os padres do centro de Roma.
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O pontífice morreu, aos 88 anos, na madrugada desta segunda-feira (21), às 2h35 (horário de Brasília) – 7h35, no horário do Vaticano –, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.
Ao g1, Cunha, que é o vice-reitor do Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Marília (SP), explicou que, além desses dois encontros pessoais, esteve com o Santo Padre em outras ocasiões, como em 2013, quando participou Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro (RJ), como seminarista.
Ele também citou que, em Roma, teve a graça de estar em diversas missas presididas por Francisco na Basílica de São Pedro, como a “Missa pelo Dia Mundial dos Pobres”, a “Missa Crismal” e também a celebração do funeral do papa emérito Bento XVI.
“Participei ainda de outros encontros e atividades com a presença do papa, como o encontro com padres estudantes e o encontro com o clero da Diocese de Roma. Gostaria de acrescentar um detalhe interessante: tive a alegria de realizar o doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, conhecida carinhosamente como a ‘Universidade do Papa’”, destacou Cunha ao g1.
O vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio, em Maracaí (SP), e professor de Teologia na Faculdade João Paulo (Fajopa), disse que, na primeira vez em que se encontrou com o pontífice, não imaginava que poderia chegar tão perto.
“Ao final da audiência, pude me aproximar, me apresentei, disse que estava em Roma para estudar e pedi que abençoasse um terço para minha mãe — e ele o fez com muito carinho. Por fim, perguntei também se poderia abraçá-lo, e ele respondeu que sim”, relembrou.
Ao g1, Cunha disse que o segundo encontro foi ainda mais surpreendente.
“A segunda vez foi ainda mais inesperada. Já com as malas prontas para voltar ao Brasil, recebi a notícia de que o papa visitaria a paróquia onde eu morava. No dia 8 de maio de 2024, nos reencontramos. Pedi sua bênção para a minha nova missão no Brasil. Ele me olhou com o mesmo afeto, ouviu com atenção e me abençoou. Eu senti como se o papa me acolhesse tanto no início quanto no final do meu tempo em Roma. Uma bênção especial para esses dois momentos”, contou.
Segundo encontro do padre Anderson Santana Cunha com o papa Francisco foi em 8 de maio de 2024, em Roma
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Missão de sacerdote
O padre relatou que embora os encontros tivessem sido breves, sem tempo para uma conversa mais longa, já que havia muitas pessoas presentes, ainda assim, Francisco o ouviu com atenção e lhe concedeu a bênção em ambas as ocasiões.
“No segundo encontro, porém, houve algo ainda mais especial. Ele estava reunido com os padres da Diocese de Roma, em um ambiente mais familiar e fraterno. Foi nesse contexto que ele falou palavras muito bonitas sobre a missão do sacerdote. E no final, quando disse que eu era brasileiro, abriu um grande sorriso”
Anderson ainda disse que o papa o inspira como sacerdote em muitos aspectos.
“Se eu tivesse que destacar apenas um, seria a ternura. O carinho, a atenção e a proximidade do papa me inspiram profundamente. Ele tem uma sensibilidade muito própria do nosso povo latino-americano, que carrega no coração o carinho e o afeto como linguagem do Evangelho. Ser padre é isso, é ser sinal da ternura de Deus, e foi isso que o papa Francisco me ensinou”
Legado
O vice-reitor contou que a morte do pontífice o surpreendeu, principalmente, porque, no dia anterior, “embora já visivelmente debilitado, o papa ainda estava na Praça de São Pedro para saudar os peregrinos e conceder a bênção apostólica da Páscoa”.
“Ver sua presença, mesmo em estado tão fragilizado, revelava uma vitalidade comovente”, declarou.
“Em meu coração — e creio que no coração de todos os católicos —, misturam-se agora dois sentimentos: saudade, pela partida de um pai. Afinal, ‘papa’ significa pai. E, ao mesmo tempo, gratidão a Deus pela vida e pelo exemplo do papa Francisco”, completou.
Cunha ainda destacou ao g1 que o Santo Padre faleceu na segunda‑feira que sucedeu o Domingo de Páscoa, data em que os fiéis católicos celebraram a ressurreição de Jesus Cristo.
“Na tradição católica, a celebração pascal não termina no domingo, estende‑se por toda a Semana Pascal. Assim, o papa Francisco, de certo modo, ainda celebrava conosco as alegrias da Páscoa quando começou a sua Páscoa definitiva, unindo‑se a Cristo ressuscitado”, afirmou.
O vigário ainda contou que o legado do pontífice é muito amplo e que, ao pensar em uma única resposta, diversas palavras lhe vêm à mente, como misericórdia, periferias, escuta, ecologia integral, discernimento, fraternidade, alegria e paz.
“Mas penso que duas palavras sempre virão à cabeça quando nos lembrarmos dele. Francisco foi o papa de dois anos jubilares: o Ano da Misericórdia [em 2016] e o Ano da Esperança [em 2025]. Acredito também que essas são duas palavras-chave que resumem não só o seu pontificado, mas também a sua vida”, contou.
“Além disso, o papa Francisco foi um grande líder no campo político e social. Ele se destacou como mediador em vários conflitos, não apenas por meio de palavras, mas com ações concretas, como o envio de ajuda humanitária e esforços para promover a paz. A crise climática também foi uma das suas grandes preocupações. Ele promoveu o conceito de ecologia integral, lembrando que o cuidado com a casa comum não é apenas uma preocupação ambiental, mas também social e espiritual”, finalizou Cunha ao g1.
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Fonte: G1

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