Desembargador diz que Poconé está sendo engolida pelos Garimpos

Em julgamento na quinta-feira (10), o Tribunal de Justiça suspendeu a Lei Complementar nº 717/2022, que autoriza a mineração nas áreas de Reserva Legal, com compensação em outra propriedade.

A decisão foi dada após intensa discussão entre os desembargadores Orlando Perri, Nilza Maria Pôssas de Carvalho, Marcos Machado e José Zuquim Nogueira.

A relatora, Nilza Maria, votou por suspender o texto, por entender que a lei complementar invade competência da União para legislar sobre a mineração.

A Procuradoria Geral do Estado (PGE) chegou a argumentar que a lei não estaria em pleno vigor, já que dependeria ainda de regulamentação interna pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), para liberar o licenciamento das áreas nos termos da lei sancionada.

A desembargadora discordou.

Nilza Maria leu a lei e mencionou que o último trecho diz que a lei entrou em vigor no dia da publicação no Diário Oficial do Estado, ou seja, em 29 de janeiro.

Perri discordou e afirmou que pediria vista, o que adiaria o julgamento do pedido de liminar feito pelo Ministério Público Estadual (MPE).

Após debate entre os magistrados, ficou acordado que seria concedida a liminar e que será realizada uma audiência pública para discutir o mérito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI).

O desembargador Orlando Perri, primeiro, afirmou que, em se tratando de lei sobre o meio ambiente, o Estado tem competência concorrente para legislar.

Em seguida, o magistrado chamou de “esquizofrenia” a ideia que de a mineração “acaba com o meio ambiente”.

“Precisamos acabar com essa esquizofrenia achando que a mineração acaba com o meio ambiente. É preciso lembrar que essa própria lei impugnada exige que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente acompanhe todo o processo de compensação. A Sema já exerce uma legislação refinada sobre a mineração no Estado de Mato Grosso”, defendeu.

Perri lembrou que “somos um dos estados mais ricos em minério e, se nós continuarmos com essa esquizofrenia, vamos limitar a atividade econômica, impedindo o desenvolvimento econômico deste Estado”.

Ele negou que estivesse defendendo, desde já, a legitimidade da lei.

“Eu não vi, com todo respeito, possibilidade de haver degradação do meio ambiente, mas não tem nada a ver com atividade minerária aqui, estamos falando da área de Reserva Legal”, disse.

O posicionamento gerou reações dos demais desembargadores. Marcos Machado criticou a lei aprovada, e que teve repercussão negativa nacionalmente pelos possíveis impactos ambientais.

“(O garimpo) viola, sim, o meio ambiente. E digo mais, é uma atividade de exploração econômica, mas que não há qualquer possibilidade de reparação, é algo que não se recupera. Com todo respeito aos jovens, preparados e estudiosos procuradores do Estado, mmas um olhar no quadro que eles apresentaram ao Tribunal, que coloca em uma coluna os argumentos e em outra os contra argumentos, eu posso dizer que absolutamente eu não posso admitir como premissas válidas e legítimas, diante da realidade que se vê na atividade de liceniamento ambiental, e o desserviço que a Sema realiza em relação à atividade mineral”, disse.

Machado citou o exemplo de Poconé (100 km ao Sul de Cuiabá), que “está sendo engolida” pela atividade garimpeira.

Distrito de Cangas em 2018

E citou “esses ricos empresários que estão lado a lado, margeando interesses governamentais”.

O desembargador José Zuquim Nogueira apresentou ainda outro ponto, lembrando que a competência concorrente do Estado com a União “é para ser mais rígida e não para flexibilizar”.

“A vegetação primária suprimida não se recupera mais. O dano é inconteste. Outra coisa, se falou das unidades de conservação que estão ocupadas. Não se levou adianta por inércia do Executivo. Criou-se (Reserva) Roosevelt, o Parque (Estadual do) Cristalino, e diga-se de passagem, a unidade de maior biodiversidade do planeta está lá sem quaquer plano de manejo, à merce dos invasores. Agora, vem me dizer que pode ser suprimida a Área de Preservação Permanente? Esqueceram de elencar que é só para fim de interesse social ou utilidade pública”, argumentou.

O magistrado defendeu as limitações impostas pelo Código Florestal, aprovado sob fortes debates no Congresso Nacional em 2012.

“O que pretende o Governo do Estado é ferir de morte o nosso Código Florestal. Não estamos falando de atividade necessária. Vocês sabem o que é uma área depois da exploração garimpeira. Peixoto de Azevedo, Marcelândia, Poconé…. O mercúrio que está aí abastecendo nosso Pantanal. Acho que a questão é mais séria, sim. E repito a perplexididade com que me deparei hoje (com essa lei)”, declarou.

Notícias relacionados

O que acontece durante e após a morte?
Brasil

O que acontece durante e após a morte?

Para muitos crentes, a morte não é o fim de tudo. Mas o que acontece biologicamente durante e após ela?...

abril 22, 2025 - Bendev Junior
Ciclista morre em acidente com carreta no Bairro Novo Mundo em Uberlândia
Brasil

Ciclista morre em acidente com carreta no Bairro Novo Mundo em Uberlândia

Acidente ocorreu na manhã desta terça-feira (22) na Avenida Segismundo Pereira. Com o impacto, vítima foi parar debaixo de uma...

abril 22, 2025 - Bendev Junior
Homem com tornozeleira eletrônica é preso com mais de 100 pedras de crack em Divinópolis
Brasil

Homem com tornozeleira eletrônica é preso com mais de 100 pedras de crack em Divinópolis

Suspeito de 48 anos disse para os policiais que a tornozeleira não estava funcionando. Na casa dele foram apreendidas drogas...

abril 22, 2025 - Bendev Junior
Homem é assassinado a tiros no Vale do Grande Rio em Petrolina

Homem é assassinado a tiros no Vale do Grande Rio em Petrolina

De acordo com a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), a vítima foi encontrada sem vida e não portava os documentos...

abril 22, 2025 - Bendev Junior
Papa Francisco: veja onde assistir a missas em homenagem ao pontífice na Grande BH
Brasil

Papa Francisco: veja onde assistir a missas em homenagem ao pontífice na Grande BH

Jorge Mario Bergoglio morreu, aos 88 anos, na segunda-feira (21), após sofrer um AVC e uma parada cardíaca no apartamento...

abril 22, 2025 - Bendev Junior
VÍDEOS: Jornal do Acre 2ª edição desta segunda-feira, 21 de abril de 2025
Brasil

VÍDEOS: Jornal do Acre 2ª edição desta segunda-feira, 21 de abril de 2025

Site g1 AC transmite os telejornais ao vivo. Site g1 AC transmite os telejornais ao vivo. Leia mais Fonte: G1

abril 22, 2025 - Bendev Junior